Há 11 anos
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Sopa de Pato
Um conterrâneo de Nasrudin veio do interior visitá-lo e trouxe-lhe um pato. Muito grato pelo presente, Nasrudin cozinhou a ave e compartilhou-a com sua visita.
Não tardou para que chegasse outra visita. Era um amigo, conforme disse, "do homem que lhe deu o pato." Nasrudin igualmente recebeu-o e deu-lhe de comer.
Isso aconteceu várias vezes. A casa de Nasrudin tornou-se uma espécie de restaurante para visitantes de fora da cidade. Todo mundo era, em algum grau, amigo daquele primeiro sujeito que havia preparado o pato.
Finalmente, Nasrudin esquentou-se. Um dia um estranho, bateu a porta. "Sou amigo do amigo, do amigo do homem que lhe deu o pato", disse.
"Entre", disse Nasrudin.
Sentaram-se à mesa e Nasrudin pediu que sua mulher trouxesse a sopa.
Assim que o visitante deu o primeiro gole, pareceu-lhe estar tomando nada além de água quente. "Que tipo de sopa é esta?", perguntou ao Mullá.
"Esta", respondeu Nasrudin, "é a sopa da sopa da sopa do pato."
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CONTOS DE NASRUDIN
Guimarães Rosa
"Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa
com quem a gente gosta de conversar,
do igual o igual, desarmado. O de que
um tira prazer de estar próximo.
Só isto, quase; e os todos sacrifícios.
Ou — amigo — é que a gente seja, mas
sem precisar de saber o porquê é que é."
Do livro Grande Sertão: Veredas
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