terça-feira, 26 de maio de 2009

No centro, minha vida

Vivíamos em Jaú, e meu pai, o Athanásio, era dono do Hotel Jaú...
Todo ano minha família vinha para Ribeirão, onde os avós João Milona e Ângela nos recebiam em festa grega. Eles eram donos do Umuarama Hotel, hoje Vila Real, bem no centro desta maravilhosa cidade.
Aos 17 anos, mudei de Jaú para Ribeirão, pois meu pai, um imigrante grego nascido em Alexandria (Egito) e formado em agronomia em Salônica (Grécia), decidiu construir o Black Stream Hotel. Ele achava que para minha mãe seria melhor estar mais perto de seus pais. Também acreditava que Ribeirão era uma praça melhor do que Jaú.
Formei-me no Otoniel Mota, um ícone educacional nacional, assim como boa parte das escolas públicas brasileiras da época.
Numa tarde de junho de 1974, quando estudava administração na Universidade de Brasília, tive de voltar às pressas para Ribeirão: meus pais tinham falecido em um acidente perto de Jaboticabal. Sem escolha, com 21 anos recém celebrados, assumi com minha irmã o destino que meus pais, sem querer, me traçaram: ser arrimo de família e responsável por três irmãos menores. De uma hora para outra, inexperiente, sem saber de nada, visto a camisa de um cinqüentão e empunho a bandeira do pai, do líder empresarial, do modelo para outras pessoas. Como o sobrevivente de um naufrágio, largo a vida de estudante em Brasília e abraço a vida de hoteleiro em Ribeirão. Ana, a irmã, foi dar aulas de matemática.
Nosso desamparo era tão grande que não percebíamos: toda a sociedade nos ajudava. Otávio de Souza Silveira, grande amigo de papai, auxiliou-me nos negócios.
Aprendendo rápido e com muita determinação, parti para a construção do Stream Palace Hotel. Inaugurado em 1979, é até hoje um cartão de visitas da cidade.
Naquela época, a hotelaria era um negócio muito rentável, atraindo capitais em busca de segurança e rentabilidade a longo prazo. Perdi a conta dos hotéis construídos desde então na cidade.
Já havia o Proálcool, mas não imagi-návamos que Ribeirão se tornaria o “berço mundial do etanol”, o maior reservatório de energia verde do planeta na atualidade.
Só de imaginar que toda essa história começou no centro, e nós todos somos dela protagonistas, me dá alegria e muita vontade de comemorar. Não podemos, porém, ficar no oba-oba. É preciso continuar a caminhada por um mundo mais limpo e mais belo.
Agora é chegada a hora de fazermos de Ribeirão “a cidade com maior número de árvores por habitante do planeta Terra.”
PLANTE ESSA IDÉIA!
Nós já começamos.
Texto de Saranti Sarantopoulos publicado no Guia Centro de Ribeirão - Edição Jul 08

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