terça-feira, 26 de maio de 2009

Presente de Ano Novo


Minha família, isto é, meu pai, mãe e 9 irmãos, morávamos em São Bernardo do Campo. Meu pai trabalhava como dentista em Rudge Ramos e, na manhã do dia 31 de dezembro de 1970, sem ter um tostão em casa para comemorar a passagem do ano, falou para a minha mãe:
– Mariinha, vou lá para o consultório, quem sabe aparece alguém.
Não sei se minha mãe retrucou, mas sei que ele foi.
No final da tarde, ele chegou em casa com muitas sacolas e embrulhos.
Tinha de tudo para uma bela ceia. Todos ficaram felizes e minha mãe preparou uma ceia deliciosa como sempre fez todos os anos.
Um tempo depois, conversando com meu pai na varandinha de nossa casa na rua Bering, ao lado dos famosos Estúdios da Vera Cruz em São Bernardo do Campo, meu pai me contou o que havia acontecido.
Naquele dia 31, já quase no final da tarde, não havia aparecido um paciente.
Meu pai já estava cansado e desanimado, pensando em voltar pra casa de mãos abanando, quando entrou um senhor já de idade.
Chegou resoluto, queria fazer um tratamento completo na boca. Meu pai olhou, achou estranho, mas fez a ficha e o orçamento. Sr. Rosenberg, não regateou e nem pestanejou, abriu a carteira, tirou o valor em dinheiro e pagou o tratamento à vista e se foi, com retorno marcado para o dia 02 de janeiro de 1971.
Neste dia em que meu pai contou a história, já fazia mais de mês e o Sr. Rosenberg não havia aparecido.
E assim, ocorreu, o Sr. Rosenberg nunca mais apareceu.

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