sábado, 10 de abril de 2010

Imperdível

Esta acontecendo na Biblioteca do SESC, em Ribeirão Preto, até o dia 13 maio, uma Mostra sobre a vida e obra de Will Eisner. Para quem não conhece, aqui vai um pouco da história que você poderá acompanhar na Mostra, deste que é, sem dúvida alguma, um dos maiores artista do quadrinho mundial.
Em 1940, com o advento da Segunda Guerra e com o sucesso do super-homem (publicado em 1938) os Comics norte-americanos entraram na chamada era de ouro. Todos os heróis criados nessa fase tinham superpoderes e por isso passaram a ser chamados de super-heróis. Indo contra a tendência (como sempre), Will Eisner criou The Spirit, uma das maiores obras dos quadrinhos. Spirit era um herói. Não possuía nenhuma força sobre-humana. Também não tinha nenhuma mente superdedutiva. Tampouco possuía apetrechos tecnológicos capazes de feitos inacreditáveis. Era só um detetive dado como morto em um acidente. Aproveitou-se de seu falso óbito para andar incógnito pelo submundo do crime. E foi assim que passou a protagonizar suas histórias. Para agir, usava uma pequena máscara, que mais tarde Eisner confessou ter sido uma exigência dos editores de seu syndicate (espécie de agência americana que comercializa as tiras em quadrinhos publicadas nos jornais) com a qual nunca se adaptou. Achava essa máscara ridícula e preferia ter feito seu personagem sem ela.
Eisner escreveu as histórias de Spirit até 1942, quando o deixou na mão de ghost writers para dedicar-se a material de propaganda americana na Segunda Guerra (na verdade, escreveu um sem-número de manuais técnicos para os soldados). Voltou a trabalhar em Spirit em 1945. Há uma nítida mudança entre as duas fases do herói. Permaneceu com ele até 1952.
O trabalho de Spirit rendeu a Eisner a alcunha de Orson Wells dos quadrinhos. É que tal qual a revolução que Wells fez no cinema com a obra Cidadão Kene, Eisner fez nos quadrinhos com Spirit. O trabalho de luz e sombra e os enquadramentos cinematográficos feitos nas histórias do personagem são incríveis mesmo para os tempos atuais. E não foi só a arte que Eisner revolucionou, a própria narrativa concebida pelo autor no modo de desenvolver os roteiros também o distinguia de tudo que havia sido feito até então. Talvez só Al Capp tivesse chegado a tamanha revolução (com o personagem Ferdinando).
O nome de Eisner e seu personagem estão imortalizados nas histórias da HQ. O autor manteve uma relação afetiva e profissional com diversos países, entre eles o Brasil. Essa relação iniciou-se em 1951, quando Álvaro de Moya e outros organizaram o primeiro evento internacional de quadrinhos e pediram alguns originais de Eisner para exposição. Depois disso, Eisner esteve aqui em mais de uma oportunidade, sempre ajudando no desenvolvimento da arte seqüencial, trabalho para o qual escreveu uma das melhores obras de todos os temos (a narrativa da arte seqüencial). Faleceu no início de 2005, quando seu nome já havia sido dado ao maior prêmio de Quadrinhos norte-americano (quiçá mundial): O Eisner Award.
Texto de Bruno Cruz