terça-feira, 2 de junho de 2009

O Centro de Ribeirão

Ribeirão foi a primeira cidade grande que conheci na vida. Eu tinha 10 anos e viera de uma das regiões mais pobres – miseráveis mesmo – do estado na década de 40: o vale do Paraíba.
O centro de Ribeirão me deslumbrou. Fiquei fascinado com a praça XV, o Pedro II, a Esplanada, o Hotel Palace, o Edifício Diederichsen.... E as retretas, então, aos domingos, pela banda da então Força Pública – hoje Policia Militar – junto ao relógio da praça XV e aos pés daquele magnífico monumento ao Soldado de 32, em um gesto – graças a Deus simbólico – de atirar uma granada naquela obra histórica e artística que é o Theatro Pedro II.
Quando mudamos para Rio Preto, na década de 50, tentei transferir o meu amor para o centro da cidade, tal como fizera com o de Ribeirão. Esforço inútil. O centro de Rio Preto me pareceu tacanho, medíocre, como é até hoje e nunca mudou. Já na imprensa, quantas vezes irritei os leitores com minhas comparações, sempre favoráveis a Ribeirão.
Vinte e dois anos depois, voltei a morar e a trabalhar em Ribeirão. A velha Ribeirão continuara nos meus devaneios mas, é claro, já não era a mesma. Pelo menos não havia mais as retretas da Força Pública. O garboso maestro, que desfilava à frente da banda, já havia morrido. Mesmo assim, continuei a fazer do centro o meu “point” de lazer, meditação e interesse. Assessor do prefeito, eu o aborrecia pedindo providências contra o abandono da área central. O saudoso Antônio Duarte Nogueira achava isso “esquisitices do Albano” e falta de visão macro-política.
Eu pensava diferente: ele é que não era visivelmente sensível para amar a praça como sempre a amei e continuo amando. É um amor que durará sempre. Por toda a minha vida.
Texto de João Albano publicado no Guia Centro de Ribeirão - Edição Julho08

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