segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A Vida Brotando em Música

Um vídeo delicado e bonito, que recebi da minha amiga Ornella, para começar bem a semana.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Dom Quixote

Sonhar o sonho impossível,
Sofrer a angústia implacável,
Pisar onde os bravos não ousam,
Reparar o mal irreparável,
Amar um amor casto à distância,
Enfrentar o inimigo invencível,
Tentar quando as forças se esvaem,
Alcançar a estrela inatingível:
Essa é a minha busca.
Ilustração de Quinho Ravelli.

Quinho Ravelli

Quinho é mineiro e tem um trabalho consistente e consagrado. Conheça a sua história e veja seus trabalhos na revista Ilustrar edição 20.
Conheça o Blog do Quinho.

Gordo & Magro

Recebi hoje do meu amigo Jorge Rinhel essa maravilha de filme do Gordo & Magro editado com música do Santana.

Victor Hugo


"A vida não passa de uma
oportunidade de encontro...
os corpos têm o abraço;
as almas, o enlace."

Chico Buarque


"Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa."


Rubem Alves


"Cartas de amor são escritas não para 
dar notícias, não para contar nada,
mas para que mãos separadas se toquem 
ao tocarem a mesma folha de papel."

Goethe


"Tudo os Deuses dão, os infinitos,
A quem amam, por inteiro:
Todos os prazeres, infinitos,
Todos pesares, infinitos, por inteiro."

sábado, 29 de janeiro de 2011

Pat Lau


no ritmo enfim
andando um metro
atrás de mim

Regina Rennó

Regina Rennó é uma artista que nunca me cansa, ao contrário, sempre me encanta. Esse é um trabalho atual da Regina, uma série intitulada "paisagens urbanas".
Esse também é um trabalho atual da Regina. Essa é a capa do livro Terra Mãe, que é feito só com ilustrações e tem acabamento em capa dura. É lindo!
Esse quadro também é atual e faz parte da série "paissagens urbanas".
E hoje, 29 de janeiro, a Regina Rennó está fazendo aniversário. 
Parabéns Regina!!!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Isso É Dignidade!

Por favor, pare, aguarde o tempo do filme carregar e começar, depois tenha paciência, pois bispo dom Manuel Edmilson Cruz tem 86 anos e alguma dificuldade para ler. 
Quando você ouvir a mensagem que ele falou no Congresso Nacional em Brasília, recusando-se a receber a Comenda dos Direitos Humanos Dom Hélder Câmara, tenho certeza de que será recompensado por toda a sua atenção.
Digo mais, passe a mensagem para os amigos, divulgue, porque a imprensa não deu o valor necessário a esse brasileiro de Limoeiro do Norte (CE).

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Luiz Fernando Veríssimo

BIG BROTHER BRASIL
Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil,... encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.
Dizem que em Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos, na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE...
Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.
Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.
Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.
Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?
São esses nossos exemplos de heróis?
Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros: profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..
Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.
Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.
Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada, meses atrás pela própria Rede Globo.
O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.
E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!
Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.
Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social: moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?
(Poderiam ser feitas mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)
Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.
Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ler a Bíblia, orar, meditar, passear com os filhos, ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.
Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade.
Um abismo chama outro abismo.

Adélia Prado

ÍCARO
..."Caminho sobre o planeta
como os equilibristas em suas bolas gigantes,
não se sai do lugar.
de si mesmo não se pode sair.
Aviões, dirigíveis, saltos de alta montanha
confrangem o coração.
O voo aborta sempre.
Ainda que em chão de lua,
todo destino é o chão."

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Mundo Moderno

A famosa foto do beijo de 1945 foi colorizada. O que vocês acham? Eu acho bom, agora, além da original e chique em P&B, temos essa colorida. Podemos escolher qual ver de acordo com nosso astral.

Alinhamento das Nuvens

Achei essa foto no facebook na página da Renata Tucci. Não resisti, copiei e colei aqui. Será que as nuvens se alinharam só pela beleza ou estão aprontando alguma?

Solidão Contente

O que as mulheres fazem quando estão com elas mesmas
Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre “solidão feminina” com alguma incompreensão.
Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas – e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.
Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente – e mora sozinha.
Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.
“Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés e curtir a minha casa”, disse a prima. “Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas”.
Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor.
Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.
Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre.
A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.
A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.
Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?
A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior – com apoio da publicidade.
Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando – senão a economia não anda.
Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.
Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer.
Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha.
Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa – desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos. Nem sempre é fácil.
Texto de Ivan Martins (Editor Executivo da Revista Época)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Parabéns São Paulo!

Lembro como se fosse hoje a impressão que eu tinha quando ia para São Paulo na infância. Ficava olhando admirado todos aqueles edifícios enormes e não conseguia entender como que todas aquelas pessoas não se perdiam. Depois, no início da adolescência, fui morar em São Bernardo do Campo e ia, sempre que podia, para São Paulo. O medo de me perder continuava existindo, lembro que pegava um ônibus que ia até a Vila Mariana. De lá, eu ia andando pela Av. Vergueiro, depois pela Av. Paulista até a Rua Peixoto Gomide onde morava a minha madrinha, pois não queria correr o risco de pegar um ônibus e me perder.
Depois, não lembro quando, comprei um mapa da cidade e aí virei um explorador dos bairros e lugares interessantes que abundam naquela terra. Teatros, museus, cinemas, restaurantes, parques, lojas, bibliotecas e muito, muito mais. Isso me proporcionava  um enorme prazer pessoal, mas rendia também um status, pois naquela época era chique entre os amigos conhecer as novidades de Sampa.
O tempo passou, morei e trabalhei em São Paulo por mais de uma vez. Fui e voltei, mas uma coisa nunca mudou: quando chego em São Paulo sinto-me em casa. São Paulo é uma das maiores megalopoles do mundo e vive com todos os problemas que conhecemos tão bem, mas também é ali que tudo de bom acontece.
Parabéns, São Paulo pelos seus 457 anos.

Domenico De Masi


"Se você chegar a um beco 
sem saída, entre nele."

Gilberto Freire


"Se dependesse de mim, eu não 
seria jamais maduro: nem nas idéias, 
nem no estilo. Seria sempre verde, 
incompleto, experimental."

Alberto Lins Caldas

● se perdeu ● de vista ●
● no azul ●

...● as mãos ● o riso ●
● o olhar ●

● longe so ● a teia ●
● niilista ●

● o deserto ● a loucura ●
● o mar ●

● cada passo ● faço eu ●
● sem conquista ●

● levado ● pelo vento ●
●!nadadura ●

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Somos Todos Iguais

Gilberto de Nucci tem uma exelente imagem a respeito de nosso comportamento. Segundo ele os homens caminham pela face da Terra em fila indiana, cada um carregando uma sacola na frente e outra atrás.
Na sacola da frente, nós colocamos as nossas qualidades. Na sacola de trás, guardamos todos os nossos defeitos.
Por isso, durante a jornada pela vida, mantesmos os olhos fixos nas virtudes que possuímos, presas em nosso peito. Ao mesmo tempo, reparamos impiedosamente, nas costas do companheiro que está adiante, todos os defeitos que ele possui.
E nos julgamos melhores que ele – sem preceber que a pessoa que está andando atrás de nós, está pensando a mesma coisa ao nosso respeito.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Eclesiastes 7,8


Mais vale o fim de uma 
coisa do que seu começo,
mais vale a paciência 
do que a pretensão.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Alice Ruiz

Expectativas

tudo começa
do mesmo jeito
diferente

o que se quebra
pesa mais
do que o sonho leva

como se o dia
não passasse
dessa noite

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Cartão Executivo, O Peixe Urbano de Ontem

Matéria na revista Exame de 08 de setembro de 1982.
 Em 1982 eu trabalhava no Stream Palace Hotel como gerente de marketing. Naquela época, há quase 30 anos, o maior problema da hotelaria era o mesmo de hoje em dia – a baixa taxa de ocupação. Hotel bom é aquele que tem a maior taxa de ocupação. Para elevar a taxa de ocupação de um hotel, a melhor estratégia é vender os períodos de baixa ocupação. Para os hotéis que estão nos centros empresariais, o período de baixa ocupação são os fins de semana; para os hotéis que estão nas praias ou montanhas, geralmente é o inverso, a baixa ocupação é durante a semana, nos dias úteis.
Pensando nisso, eu e o Saranti Sarantopoulos criamos o Cartão Executivo, um cartão cujo objetivo era vender os períodos de baixa ocupação em lotes de diárias com preço de custo. Nossa ideia era simples, quase primária. O hóspede acabaria usando os bares e restaurantes do hotel e ainda divulgaria o hotel.
Na verdade, a ideia não era exatamente nossa, porque nos inspiramos em companhias aéreas estadunidenses que vendiam seus "assentos" (os que continuavam vagos a 15 minutos do horário do vôo) por até 10% do valor da passagem.
A base de tudo isso é uma só: a certeza de que todo produto é perecível. No caso do avião, a perda é instantânea: fechada a porta do avião, todos os assentos vazios “perecem”.
 A diária de hotel tem validade de 24 horas, o que, na prática, significa de 12 a 16 horas (são raros os apartamentos que passam a ser ocupados entre meia-noite e seis da manhã).
Estou contando toda essa história, fazendo comentários, porque esse nosso projeto de quase 30 anos atrás, é o princípio básico da ideia do Peixe Urbano, que já gerou tantos similares e faz muito sucesso nos dias de hoje via internet.
O mundo mudou, as ferramentas de comunicação se multiplicam diariamente, mas, tirando a releitura, a roupagem e a maquiagem, os princípios ainda são os mesmos. Um hotel continua precisando ocupar todos os seus apartamentos, uma companhia aérea continua precisando ocupar todos os seus assentos e por aí afora, uma vez que tudo tem seu prazo de validade.

Carlos Drummond de Andrade


"O difícil não é fazer 
mil gols como Pelé. 
O difícil é fazer 
um gol como Pelé".

No jornal, no dia seguinte do rei Pelé ter feito o seu miléssimo gol.

Alexandre O´Neill

O amor é o amor - e depois?! 
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?..

O meu peito contra o teu peito,
...cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há todo o espaço para amar!

Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor,
e trocamos - somos um? somos dois? -
espírito e calor!
O amor é o amor - e depois?!

Alexandre O'Neill

Alexandre Manuel Vahía de Castro O'Neill (Lisboa, 19 de Dezembro de 1924 - Lisboa, 21 de Agosto de 1986), ou simplesmente Alexandre O'Neill, descendente de irlandeses, foi um importante poeta do movimento surrealista.
Autodidacta, O’Neill foi um dos fundadores do Movimento Surrealista de Lisboa. É nesta corrente que publica a sua primeira obra, o volume de colagens A Ampola Miraculosa, mas o grupo rapidamente se desdobra e acaba. As influências surrealistas permanecem visíveis nas obras dele, que além dos livros de poesia incluem prosa, discos de poesia, traduções e antologias. Não conseguindo viver apenas da sua arte, o autor alargou a sua acção à publicidade. É da sua autoria o lema publicitário «Há mar e mar, há ir e voltar». Foi várias vezes preso pela polícia política, a PIDE.

Alexandre O'Neill

Mal nos conhecemos
Inauguramos a palavra amigo!
Amigo é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece.
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
Amigo (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
Amigo é o contrário de inimigo!
Amigo é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado.
É a verdade partilhada, praticada.
Amigo é a solidão derrotada!
Amigo é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
Amigo vai ser, é já uma grande festa!

Rabino Nilton Bonder

OS DOMINGOS PRECISAM DE FERIADOS
Feriados - dia de respeito e atenção a si e à vida... Toda sexta-feira à noite começa o shabat para a tradição judaica. Shabat é o conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção, inspirado no descanso divino, no sétimo dia da Criação.
Muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo. A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue.
Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta.
Hoje, o tempo de 'pausa' é preenchido por diversão e alienação. Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações 'para não nos ocuparmos'. A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão. O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições. Nossas cidades se parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas. Fim de dia com gosto de vazio.
Um divertido que não é nem bom nem ruim. Dia pronto para ser esquecido, não fossem as fotos e a memória de uma expectativa frustrada que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo...
Entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A Internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária; solitário é quem dorme. As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e perder, das informações e dos rumores, atividade incessante. A CNN inventou um tempo linear que só pode parar no fim.
Mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem acostamento, a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa.
O futuro é tão rápido que se confunde com o presente. As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, o domingo de um feriado...
Nossos namorados querem 'ficar', trocando o 'ser' pelo 'estar'. Saímos da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI - um dia seremos nossos?
Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante. Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos...
Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção. O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair: - literalmente, ficar desatento; - é um dia de atenção, - de ser atencioso consigo e com sua vida.
A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é: 'o que vamos fazer hoje?' - já marcada pela ansiedade.
E sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de Domingo. Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se mortalmente. É este o grande 'radical livre' que envelhece nossa alegria – o sonho de fazer do tempo uma mercadoria.
Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas.
Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar. Afinal, por que o Criador descansou?
Talvez porque, mais difícil do que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído.

A Alegria do Povo

"Se há um Deus que regula o futebol, esse Deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios." Carlos Drummond de Andrade sobre Mané Garrincha no dia seguinte da morte do gênio (Magé, 18 de outubro de 1933 - Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 1983).

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Audrey

Aos 17 anos, Audrey Kathleen Ruston. Nascida em Ixelles, no dia 4 de maio de 1929. Depois, tornou-se simplesmente Audrey Hepburn.

Dia de São Sebastião

Quadro de Benedito Calixto da Igreja Catedral na cidade de Ribeirão Preto.
São Sebastião nasceu em Petrória, na Itália, de acordo com Santo Ambrósio, por volta do século III. Pertencente a uma família cristã, foi batizado em criança. Mais tarde, tomou a decisão de engajar-se nas fileiras romanas e chegou a ser considerado um dos oficiais prediletos do Imperador Diocleciano.
Contudo, nunca deixou de ser um cristão convicto e ativo. Fazia de tudo para ajudar os irmãos na fé, procurando revelar o Deus verdadeiro aos soldados e aos prisioneiros. Secretamente, Sebastião conseguiu converter muitos pagãos ao cristianismo. Até mesmo o governador de Roma, Cromácio, e seu filho, Tibúrcio, foram convertidos por ele.
Em certa ocasião, Sebastião foi denunciado, pois estava contrariando o seu dever de oficial da lei. Teve, então, que comparecer ante o imperador para dar satisfações sobre o seu procedimento. O imperador se queixou de que tinha confiado nele, esperava dele uma brilhante carreira e ele o havia traído.
Diante do Imperador, Sebastião não negou a sua fé e foi condenado à morte, sem direito à apelação. Amarrado a um tronco, foi varado por flechas, na presença da guarda pretoriana. No entanto, uma viúva chamada Irene retirou as flechas do peito de Sebastião e o tratou. 
Assim que se recuperou, demonstrando muita coragem, se apresentou novamente diante do imperador, censurando-o pelas injustiças cometidas contra os cristãos,  acusando-o de inimigo do Estado. Perplexo com tamanha ousadia, Diocleciano ordenou que os guardas o açoitassem até a morte. O fato ocorreu no dia 20 de janeiro de 288.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Scarlett Johansson e Moët & Chandon

A atriz Scarlett Johansson renovou seu papel como embaixadora do champanhe Moët & Chandon.
Para a nova campanha, a diva hollywoodiana fotografou em cenários oníricos, que passam a ideia de celebração.

Confúcio


“Se você tem metas para um ano. Plante arroz.
Se você tem metas para 10 anos. Plante uma árvore.
Se você tem metas para 100 anos, então eduque uma criança.
Se você tem metas para 1000 anos, então
preserve o Meio Ambiente.”
 

Martín Luther King


"Se soubesse que o mundo 
se acaba amanhã, eu ainda 
hoje plantaria uma árvore."

Provérbio Hindú


"Não há nenhuma 
árvore que o vento 
não tenha sacudido."

Cora Coralina

 
"Eu sou aquela mulher que fez a 
escalada da montanha da vida,
removendo pedras e plantando flores."

Paul Cèzanne

Paul Cézanne nasceu em Aix-en-Provence em 19 de Janeiro de 1839.
E morreu na mesma cidade em 22 de Outubro de 1906.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Hebreus 11: Versículo 1


Ora, a fé é o firme fundamento 
das coisas que se esperam, e a 
prova das coisas que se não vêem.

Charles Burton Barber

Charles Burton Barber (1845 - 1894), foi um pintor Inglês, que alcançou grande sucesso com suas pinturas de crianças e seus animais de estimação.
Barber nasceu em Great Yarmouth , em Norfolk , e estudou a partir da idade de 18 anos na Royal Academy, em Londres.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

William Adolphe Bouguereau

William A. Bouguereau (La Rochelle, 30 de Novembro de 1825 — La Rochelle, 19 de Agosto de 1905) foi um pintor acadêmico francês, considerado um dos maiores pintores do mundo.
À margem do riacho, 1875
O primeiro luto, 1888

domingo, 16 de janeiro de 2011

Ferreira Gullar

METADE
Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio…

Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste…

Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.

Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.

E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.

Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.

Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.

E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.

Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.

E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.

Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada.

Porque metade de mim é amor,
e a outra metade…
também

sábado, 15 de janeiro de 2011

João Cabral de Melo Neto

 
Questão de Pontuação
Todo mundo aceita que ao homem
cabe pontuar a própria vida:
que viva em ponto de exclamação
(dizem: tem alma dionisíaca);

viva em ponto de interrogação
(foi filosofia, ora é poesia);
viva equilibrando-se entre vírgulas
e sem pontuação (na política):

o homem só não aceita do homem
que use a só pontuação fatal:
que use, na frase que ele vive
o inevitável ponto final.
(1920-1999)
 

Energia Renovável

A União Europeia (UE) tinha o objetivo de chegar a 2020 com 20% da energia bruta produzida a partir de fontes renováveis. De acordo com a análise dos 27 Planos de Ação Nacional de Energia Renovável (NREAP, sigla em inglês) pela Associação Europeia de Energia do Vento (EWEA, sigla em inglês), o bloco conseguirá exceder essa meta, podendo alcançar 34% até a data estipulada.
A análise divulgada no dia 4 de janeiro mostrou que a energia eólica sairá na frente das alternativas sendo responsável pela produção de 14% do total projetado (34%).
No campo dos ventos, o relatório afirma ainda que a Irlanda será o país que mais produzirá esse tipo de energia, com 36,4%, seguida da Dinamarca, com 31%.
Dos 27 países membros da União Europeia, 15 excederão as expectativas, dez manterão o que se propuseram e apenas dois declararam que não conseguirão cumprir a demanda.
“É bastante encorajador que 25, dos 27 países da União Europeia, pretendam exceder ou manter as metas deles. Isso mostra que a grande maioria dos países da EU compreendem claramente os benefícios da implantação de tecnologias de energias renováveis, principalmente a eólica”, disse Justin Wilkes, diretor de políticas do EWEA.
(Fonte: EcoD/ Mercado Ético - www.asboasnovas.com) 

Livros de Graça para Todos

Terminais de ônibus no Rio também vão ganhar biblioteca gratuita
Rio de Janeiro - A experiência bem-sucedida da biblioteca que há quatro anos empresta livros aos usuários do metrô do Rio de Janeiro deverá ser estendida em 2011 ao sistema de ônibus da cidade, responsável pela maior parte dos deslocamentos de passageiros na capital fluminense. A informação é do Instituto Brasil Leitor (IBL), que comemora este mês o quarto aniversário da Biblioteca Livros & Trilhos, instalada na Estação Central do metrô carioca, com resultados expressivos: quase 8 mil sócios e quase 80 mil livros emprestados.
“Nós temos no Rio de Janeiro um dos melhores índices de leitura por sócio, uma média de 1,5 livro por mês, ou seja, 14 a 15 livros por ano”, informou William Nacked, diretor-geral do IBL, organização responsável pela criação e gestão de bibliotecas em estações de metrô e de trem e terminais de ônibus em todo o país.
Além do Rio, o instituto mantém unidades em São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Piracicaba, no interior paulista. Segundo Nacked, a meta do IBL é implantarcinco bibliotecas no Rio de Janeiro até 2014.
Na biblioteca que funciona no metrô do Rio, chama a atenção o respeito do usuário ao livro que pega emprestado. “Em todas as nossas bibliotecas, é baixo o índice de não devolução, mas, no Rio, a taxa de não retorno é quase zero”, diz Nacked. A inscrição na Livros & Trilhos é gratuita, bastando ao interessado apresentar comprovante de residência, carteira de identidade, CPF e uma foto 3x4.
O diretor do IBL ressalta o fato de que dois terços dos leitores são mulheres, não apenas no Rio, mas em todas as unidades mantidas pelo instituto. “O perfil da usuária é o da mulher que trabalha, leitora de todos os gêneros de livros, e não só de autoajuda e poesia”.
Para William Nacked, um dos mais importantes êxitos da iniciativa é a incorporação de novos leitores, principalmente de menor poder aquisitivo, que não compram livros nem frequentam bibliotecas convencionais. “No início, quem vem é o já leitor, aquela pessoa ávida de leitura, mas que não está podendo comprar livros”, diz, lembrando que as bibliotecas do IBL contam com um acervo de alto padrão, formado por livros que podem ser encontrados nas vitrines das livrarias comerciais.
“Aos poucos, porém, começam a chegar pessoas de origem mais humilde, que percebem que podem tirar dúvidas sobre o que ler, escolher o livro pela vitrine, pelo catálogo ou com a ajuda do bibliotecário”.
Segundo Nacked, pesquisas feitas pelo IBL mostram que, após seis meses como  sócio da biblioteca, esses novos leitores dobram seu índice de leitura.  Considerada um dos maiores projetos do mundo de leitura gratuita, a iniciativa do IBL, que conta com patrocínios e parcerias de empresas privadas e de todos os  níveis de governo, já contabiliza 1 milhão de livros emprestados em todo o país.
(Fonte: Paulo Virgílio; Vinicius Doria/ Agência Brasil - www.asboasnovas.com)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Manoel de Barros

Por viver muitos anos
dentro do mato
Moda ave
O menino pegou
um olhar de pássaro -
...Contraiu visão fontana.
Por forma que ele enxergava
as coisas
Por igual
como os pássaros enxergam.
As coisas todas inominadas.
Água não era ainda a palavra água.
Pedra não era ainda a palavra pedra. E tal.
As palavras eram livres de gramáticas e
Podiam ficar em qualquer posição.
Por forma que o menino podia inaugurar.
Podia dar as pedras costumes de flor.
Podia dar ao canto formato de sol.
E, se quisesse caber em um abelha, era só abrir a palavra abelha
e entrar dentro dela.
Como se fosse infância da língua.

Pat Lau

  
"A elle seule, la vie est une citation."
"Por si só, a vida é uma citação."

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Bento Prado de Almeida Ferraz Júnior

"Na minha vida tão desastrada,
na alma exposta ao tormento de tanto vento
- o lençol, no varal, lá fora, que estala violento
contra si mesmo e contra o Bento -,
eis-me, finalmente, velho e sem idade
como o vendaval que, desde sempre, estrala,
no espaço onde erram e se dispersam estrelas.

Que fazer?
Mudar o mundo, justo em seu fim,
Ou, mais custoso ainda, a mim?

Nem um, nem outro:
- cultivar docemente meu jardim".
"O Big Bang e Eu" (19/10/1995) 
Bento Prado de Almeida Ferraz Júnior, 
(Jaú, 21 de agosto de 1937 - São Carlos, 12 de janeiro de 2007)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Carpinejar


"Eu me aproximo pelos olhos,
mas o que me convence 
a ficar é a voz.
Quero um amor que possa 
me conduzir no escuro."

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Indignação!

Quando eu fui para os EUA pela primeira vez nos anos 1970, uma das coisas que mais me chamaram a atenção foi a quantidade de utensílios e rações que existiam para os animais domésticos. Naquela época, aqui no Brasil, os animais muito bem cuidados, jamais comiam nada além do que os restos de comida da mesa de seus donos. Viviam, os mais bem tratados, no quintal, onde podiam ter uma casinha construida por seu próprio dono.
Na casa dos meus pais sempre teve animais e fomos educados para tratá-los bem, a ponto de pegarmos um castigo caso machucássemos os bichos.
Domingo, no jornal Folha de São Paulo, saiu uma matéria de meia página falando sobre os hotéis para cachorros com direito a hidroterapia e massagens. Venho acompanhando e observando essa mudança  no tratamento dos animais em nossa sociedade nos últimos 40 anos. Nota-se que, mês após mês, cresce de forma descompassada o mercado para animais domésticos. Nos dias de hoje, é raro você entrar em um supermercado e não encontrar, no mínimo, uma gôndola para pets. Alias, a palavra pet foi incorporada a nosso vocabulário exatamente por essas mudanças. As lojas para pets, há poucos anos, era inimaginável como forma de negócio. Atualmente, é raro encontrarmos  um bairro que não tenha uma loja dessas. E em alguns bairros maiores e centrais, você pode encontrar uma Pet Shop em cada quarteirão.
Não são apenas rações, coleiras e cumbucas para água e comida que você encontra nos Pet Shop. As ofertas vão de shampoo a talco, de perfume a fitinhas para prender os pelos dos animais, de roupas de griffe até jóias. Não existe mais nenhum limite para esse comércio. Colchões especiais para cães e gatos, gaiolas com área de ginásticas para passarinhos, piscina para os animais de estimação e até terapias das mais diversas são facilmente encontradas em nossa sociedade.
Por tudo isso, sinto-me na obrigação de manifestar a minha indignação!
Que mundo é esse que estamos criando? Como podemos investir em empresas, lojas, e o que quer que seja para atender animais quando existem  (de acordo com a ONU) 1 bilhão de seres humanos passando fome no mundo? 
Confesso que não consigo entender. Poxa! Todos têm direito a ter animais e tratar os seus animais com amor e respeito, mas não dá para abrirmos espaço aos animais e esquecermos os nosso semelhantes.
Para mim, isso é incompreensível e muito triste. Fico envergonhado do ser humano quando vejo essa inversão de valores arbitrária como se fosse algo natural: valoriza-se o animal, esquece-se do humano.
Se não conseguimos ficar indignados com o fato  de 1 em cada 6 seres humanos passarem fome diariamente, então, não faz sentido cuidarmos, com tal grau de requinte  dos animais de estimação.
INDIGNE-SE!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ilustração de Maria Eugenia

Rolinha -Samira Rahal

Cláudio de Oliveira

Olha que beleza de charge! De Cláudio de Oliveira, no jornal "Agora São Paulo"

A Vida!

"VOCÊ é meu caminho
Meu vinho, meu vício
Desde o início estava VOCÊ

...Meu bálsamo benígno
Meu signo, meu guru
Porto seguro onde eu voltei

Meu mar e minha mãe
Meu medo e meu champagne
Visão do espaço sideral

Onde o que eu sou se afoga
Meu fumo e minha ioga
VOCÊ é minha droga
Paixão e carnaval

Meu zen, meu bem, meu mal".

(Caetano Veloso)

domingo, 9 de janeiro de 2011

Ferreira Gullar

O que se foi se foi.
Se algo ainda perdura
...é só a amarga marca
na paisagem escura.

Se o que se foi regressa,
traz um erro fatal:
falta-lhe simplesmente
ser real.

Portanto, o que se foi,
se volta, é feito morte.

Então por que me faz
o coração bater tão forte?