sábado, 19 de junho de 2010

Mais Atual Impossível

Hoje, 19 de Junho, a cidade de Santa Bárbara d´Oeste, interior de São Paulo, é palco do Encontro Nacional de Romi-Isettas que reúne cerca de 30 colecionadores de todo o país e 700 visitantes em comemoração aos 80 anos das Indústrias Romi.
O Romi-Isetta foi fabricado em série no Brasil, entre 1956 a 1961, pelas Indústrias Romi SA. Fundada em 1930 pelo descendente de imigrantes italianos Américo Emílio Romi e por seu enteado Carlos Chiti, a Romi buscou na Itália o projeto do Iso Isetta. Em 5 de setembro de 1956, o modelo foi lançado oficialmente no país, com um desfile com os primeiros 30 carros pelas principais ruas de São Paulo. Foram produzidos cerca de três mil carros no Brasil.

Maria Sanz Martins

Mais uma vez a escritora, Maria Sanz Martins, fala sobre um assunto de forma definitiva. É impressionante a capacidade que essa moça, com menos de 30 anos, que é nascida em Vitória - ES e que hoje mora na Austrália, têm de juntar as palavras exatas para definir um assunto.
Venenosos
O invejoso não é um sujeito que deseja o que o outro tem. Ele é aquele que o julga indigno de tê-lo.
O invejoso não suporta que o outro possa ser aquilo que ele não é, ou ter aquilo que ele não tem. E nem importa como o ‘outro’ tenha conquistado a glória, se com sorte e facilidade ou suor e sacrifício, o fato é que o invejoso secretamente o rivaliza.
Diferente da cobiça, que se sustenta sobre o desejo (do que é de posse de terceiros); a inveja é um despeito pelo sucesso alheio, que não raro se converte na tentativa (maldosa) de retira-lhe a dignidade. - E é espremendo mentalmente a justificativa deste ‘não merecimento’ que nasce o veneno.
Assim, a maldade facilmente se disfarça entre a casualidade das palavras.
Ora, está na raiz da inveja o sentimento de delação - “Se eu não posso, ele não pode”. Ou, em português claro, a inveja é o útero de toda fofoca.
Daí o trunfo do disfarce: fofoca é palavra venenosa, fato aleijado ou mentira órfã, semeada ao sabor do vento. E você sabe: não há como recolher as plumas negras espalhadas por um vendaval.
Mesmo porque, depois de misturadas à poeira, elas tomam acento sobre os telhados das casas, entram janela abaixo, caem sobre os jarros, se mesclam nas compotas, e colam nas paredes da garganta de uma gente de cera, que faz questão de passá-las adiante como sendo verdadeiras.
- Coisa feia!
A maldade bem disfarçada não se esconde, desfila e sapateia.
- Tsc, fazer o quê sobre isso? Se a fofoca é a recreação dos não-criativos!
*Remédio único está na imortalizada canção de Cazuza que, em verso, implora “vamos pedir piedade, Senhor piedade, pra essa gente careta e covarde”.
Ah, quanta gente pequena não escolhe ou inventa rivais que lhes ignoram a existência? E quantas pessoas ricas de espírito não são martirizadas por palavras atiradas às escondidas. Sim, porque aos olhos invejosos, pessoas de bem com a vida, sortudas ou simplesmente sadias parecem caminhar pela rua num tanque de guerra (branco) intimando-os para um confronto.
- Mas, como se sabe, a guerra está na cabeça de quem enxerga a felicidade alheia como um insulto à própria miséria.
Por que no lugar de construir um tanque forte para si, eles continuam alí, de trás da moita, atirando veneno e palavras negras ao vento, na tentativa de sujar a brancura de qualquer um que atravesse de cabeça erguida a rua?
(Não é a toa que muita mãe ensina a velha lição: “seja educado, mastigue de boca fechada, não grite, nem fale palavrão. E se, por acaso, você conhecer a felicidade meu filho, não espalhe. Muita gente também se sente agredida com isso).
Engraçado, parece que hoje a fofoca não só é um tipo aceito de maldade, como é também uma prática desejável. Ora, quem nunca sabe da ‘última’ ou não tem na ponta da língua uma historinha (suja) é normalmente ‘a chata’ da turma. É que mais do que nunca, na nossa cultura o cinismo é o rei do circo.
Honestamente, acho triste assistir ao venenoso produto da inveja sendo difundido e festejado pelos cafés, festas, academias, salas e salões da cidade. (Sem falar da mídia especializada, que é um caso a parte). Convenhamos, repassar a maldade pelo simples prazer de ver o outro arregalar a cara é, dos truques, o mais barato.
Infelizmente, fofoca só não é um passa-tempo (e sim uma grande maldade) para quem já esteve do outro lado.
Em todo caso, pra os caretas e covardes, Senhor, piedade.