terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Indignação!

Quando eu fui para os EUA pela primeira vez nos anos 1970, uma das coisas que mais me chamaram a atenção foi a quantidade de utensílios e rações que existiam para os animais domésticos. Naquela época, aqui no Brasil, os animais muito bem cuidados, jamais comiam nada além do que os restos de comida da mesa de seus donos. Viviam, os mais bem tratados, no quintal, onde podiam ter uma casinha construida por seu próprio dono.
Na casa dos meus pais sempre teve animais e fomos educados para tratá-los bem, a ponto de pegarmos um castigo caso machucássemos os bichos.
Domingo, no jornal Folha de São Paulo, saiu uma matéria de meia página falando sobre os hotéis para cachorros com direito a hidroterapia e massagens. Venho acompanhando e observando essa mudança  no tratamento dos animais em nossa sociedade nos últimos 40 anos. Nota-se que, mês após mês, cresce de forma descompassada o mercado para animais domésticos. Nos dias de hoje, é raro você entrar em um supermercado e não encontrar, no mínimo, uma gôndola para pets. Alias, a palavra pet foi incorporada a nosso vocabulário exatamente por essas mudanças. As lojas para pets, há poucos anos, era inimaginável como forma de negócio. Atualmente, é raro encontrarmos  um bairro que não tenha uma loja dessas. E em alguns bairros maiores e centrais, você pode encontrar uma Pet Shop em cada quarteirão.
Não são apenas rações, coleiras e cumbucas para água e comida que você encontra nos Pet Shop. As ofertas vão de shampoo a talco, de perfume a fitinhas para prender os pelos dos animais, de roupas de griffe até jóias. Não existe mais nenhum limite para esse comércio. Colchões especiais para cães e gatos, gaiolas com área de ginásticas para passarinhos, piscina para os animais de estimação e até terapias das mais diversas são facilmente encontradas em nossa sociedade.
Por tudo isso, sinto-me na obrigação de manifestar a minha indignação!
Que mundo é esse que estamos criando? Como podemos investir em empresas, lojas, e o que quer que seja para atender animais quando existem  (de acordo com a ONU) 1 bilhão de seres humanos passando fome no mundo? 
Confesso que não consigo entender. Poxa! Todos têm direito a ter animais e tratar os seus animais com amor e respeito, mas não dá para abrirmos espaço aos animais e esquecermos os nosso semelhantes.
Para mim, isso é incompreensível e muito triste. Fico envergonhado do ser humano quando vejo essa inversão de valores arbitrária como se fosse algo natural: valoriza-se o animal, esquece-se do humano.
Se não conseguimos ficar indignados com o fato  de 1 em cada 6 seres humanos passarem fome diariamente, então, não faz sentido cuidarmos, com tal grau de requinte  dos animais de estimação.
INDIGNE-SE!