quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A Chave de Casa


Essa história aconteceu lá por 1967, 1968.
Eu tinha 12, 13 anos no máximo. Um sábado, depois de muito brigar com ele por causa do horário em que deveria voltar da brincadeira (quem é daquela época sabe que “brincadeira” ou “brinca” era como se chamava a festinha dos pré-adolescentes no início dos anos 60), ele pegou a chave de casa, me deu e disse:
– Pronto, tome a chave, volte na hora que quiser. Eu senti-me um homem. Achei demais!
Exibi aquela chave a noite toda na brincadeira e acabei voltando pra casa bem mais tarde do que sempre voltava.
No dia seguinte, na hora do almoço, meu pai me pediu a chave. Eu imediatamente protestei, argumentei com muita garra que ele não podia voltar atrás, que isso não era certo.
Aí, ele surpreendeu-me com a seguinte frase:
– Meu filho, quem tem uma palavra só é rei. Eu sou pai, um ser humano normal, e assim, posso afirmar que errei em te dar a chave porque você não está pronto ainda para ter esse direito, mas não fique bravo, você vai chegar lá.
u abaixei a cabeça e saí resmungando, certo de que ele tinha razão.

Um comentário:

  1. Grande Giba, inesquecível. Ele vive cá conosco, um pouquinho dele veio parar aqui, está materializado: uma escultura em madeira que nos acompanha em cada casa nova.

    Mariínha e seus partos, Mariínha e a amamentação, bom, nem vou falar disso.

    bjs.

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