Matéria na revista Exame de 08 de setembro de 1982.
Em 1982 eu trabalhava no Stream Palace Hotel como gerente de marketing. Naquela época, há quase 30 anos, o maior problema da hotelaria era o mesmo de hoje em dia – a baixa taxa de ocupação. Hotel bom é aquele que tem a maior taxa de ocupação. Para elevar a taxa de ocupação de um hotel, a melhor estratégia é vender os períodos de baixa ocupação. Para os hotéis que estão nos centros empresariais, o período de baixa ocupação são os fins de semana; para os hotéis que estão nas praias ou montanhas, geralmente é o inverso, a baixa ocupação é durante a semana, nos dias úteis.Pensando nisso, eu e o Saranti Sarantopoulos criamos o Cartão Executivo, um cartão cujo objetivo era vender os períodos de baixa ocupação em lotes de diárias com preço de custo. Nossa ideia era simples, quase primária. O hóspede acabaria usando os bares e restaurantes do hotel e ainda divulgaria o hotel.
Na verdade, a ideia não era exatamente nossa, porque nos inspiramos em companhias aéreas estadunidenses que vendiam seus "assentos" (os que continuavam vagos a 15 minutos do horário do vôo) por até 10% do valor da passagem.
A base de tudo isso é uma só: a certeza de que todo produto é perecível. No caso do avião, a perda é instantânea: fechada a porta do avião, todos os assentos vazios “perecem”.
A diária de hotel tem validade de 24 horas, o que, na prática, significa de 12 a 16 horas (são raros os apartamentos que passam a ser ocupados entre meia-noite e seis da manhã).
Estou contando toda essa história, fazendo comentários, porque esse nosso projeto de quase 30 anos atrás, é o princípio básico da ideia do Peixe Urbano, que já gerou tantos similares e faz muito sucesso nos dias de hoje via internet.
O mundo mudou, as ferramentas de comunicação se multiplicam diariamente, mas, tirando a releitura, a roupagem e a maquiagem, os princípios ainda são os mesmos. Um hotel continua precisando ocupar todos os seus apartamentos, uma companhia aérea continua precisando ocupar todos os seus assentos e por aí afora, uma vez que tudo tem seu prazo de validade.
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