sexta-feira, 21 de setembro de 2012

21 de Setembro de 1966

VOCÊ SABIA...que, no dia 21 de setembro de 1.966, o centro de Ribeirão Preto transformou-se em um campo de batalha? Na ditadura militar, como é sabido, qualquer movimento contestatório era proibido. Para a resistência, articularam-se os movimentos estudantis, principalmente os Centro Acadêmicos “Rocha Lima”, da Faculdade de Medicina, o Centro Acadêmico “Carneiro Leão”, da Faculdade de Odontologia e o Centro Acadêmico “1º de Setembro”, da Faculdade de Direito “Laudo Camargo”, e, ainda, os estudantes de Enfermagem, os estudantes secundaristas e aqueles jovens pertencentes à JAC (juventude agrária), JEC ( juventude estudantil), JIC ( juventude industrial), JOC(juventude operária) e JUC ( juventude universitária), todas católicas. Assim é que, nesse dia, na esquina das ruas Álvares Cabral e São Sebastião ( Café Única), se reuniram para seguirem, em passeata de protesto, em direção à Prefeitura Municipal, na praça Barão do Rio Branco. À frente, uma lambreta portando a bandeira nacional. Nas faixas, as inscrições “Liberdade”, “O Exército é o braço do Estado, não a Cabeça”. E palavras de ordem, como “Brasil! Brasil!., “O povo...unido...jamais será vencido” e assim por diante. Dos prédios, desciam papéis picados. 
Passaram pelo “Pinguim”, dobraram à direita, seguindo pela General Osório. Na praça da Prefeitura, os primeiros confrontos. Pedras e paus foram lançados contra os soldados que protegiam o Palácio Rio Branco. Os estudantes invadiram-no, subiram nas árvores. Um jipe da Polícia investiu contra os manifestantes. Acuada, a passeata seguiu em direção ao I.E. “Otoniel Mota” e para a Praça das Bandeiras, defronte à Catedral. 
Com a chegada da cavalaria, a repressão acentuou-se. O estudantes refugiaram-se no templo, sendo espancados mesmo ali. Abrigaram-se, também, na sede do jornal “Diário de Notícias” e ainda no Palácio Episcopal. O relógio marcava 20 horas, quando o arcebispo Dom Felício César da Cunha Vasconcelos, então com 62 anos e com a saúde frágil, saiu às ruas e, em atitude corajosa, segurou as rédeas de um cavalo, na esquina das ruas Amador Bueno e São Sebastião e, gritando “Parem com isso!”, impediu que o cavalariano investisse contra os manifestantes. 
Tentando ajudar, o cônego Angélico Sândalo Bernardino e o Padre Danilo também foram às ruas, constatando vários estudantes feridos, ao que mostraram para D. Felício, que interpelou, veementemente, a Polícia, bradando: “Não admito essa violência, muito menos dentro da Catedral!”. Os policiais resolveram recuar. Dom Felício conversou com os jovens, ponderando-lhes: - “Eu só quero uma coisa: que vocês voltem para casa. Vocês já fizeram a manifestação”. Assim os estudantes saíram em blocos e foi o fim da manifestação. CONFIRA na sinopse do livro “O Preço da Luta”, de Ana Paula Araújo Pinheiro e Anna Regina Bula Tomicioli, postado no www.plataformaverri.com.br – Ribeirão Preto – Estudos Sociais/Políticos... 
Octávio Verri Filho

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