Dia dos professores!
Escolhi o texto da professora Tania Cosci para comemorar o dia de hoje, porque sempre acreditei e continuo acreditando que a educação é a base de todas as melhoras na vida. E uma boa educação só existe com bons professores, por isso, parabéns para todos os professores!
Eu não costumo falar com seriedade sobre coisas sérias aqui no face, porque, para mim, este é o espaço para a diversão, todavia o assunto exige isso. Alguns dizem que não há o que se comemorar, outros preferem a linha romântica, em que se enaltece o mestre e seu fazer. Eu, embora não seja de todo pessimista, também não me considero a detentora do sorriso do ano. Ainda assim, prefiro dizer que ser professor é uma questão de escolha, não de desespero de causa ou falta de oportunidades, como dizem por aí.
Em 22 anos de profissão (sim, é uma profissão, e não sacerdócio!) já me vi em situações poéticas, incomuns, hilárias, tensas, humilhantes dentro e fora da sala de aula. Já me emocionei com alunos fazendo descobertas que lhe definiriam a vida, com textos em que os traumas e medos vieram à tona em palavras escritas com erros de grafia e também com posturas rígidas e equivocadas que só refletem o que a sociedade pensa de nós professores. Ainda hoje é comum amigos meus me perguntarem se trabalho ou se só dou aula (?!). É óbvio que não estão sendo maldosos ou irônicos, querem saber se também sou dentista, médica, advogada, jornalista além de ser professora. Sempre respondo cordialmente que só dou aula, mas confesso que muito me custa usar essa palavrinha “só”!
Eu diria a todos que ser professor é a melhor coisa do mundo, que é a melhor das profissões, mas isso seria piegas e hoje não estou para pieguices. Ser professor é uma dura labuta, é vencer adversidades todos os dias, é não se dobrar a um sistema corrompido, é desafiar constantemente a letargia, a imbecilidade reinante, é ter um ódio profundo por tudo que é pré-estabelecido e em conformidade. Ser professor é ter orgulho de se levantar cedo para ler o jornal e não bancar o estúpido na frente dos alunos, é se colocar dignamente no lugar que escolheu, é ter total respeito por aqueles que ocupam as carteiras à nossa frente.
Agora, alguém que acabou de ler isso poderá dizer: Nossa, que visão ingênua, que mentalidade megalomaníaca! Entretanto, a esses já respondo: Há algo mais difícil do que fazer uma criança de seis anos entender o que é a escrita? Há algo mais difícil do que alfabetizar? Há algo mais complexo do que fazer um jovem, no imediatismo de jovem, entender que o sentido se constrói placidamente nas entrelinhas? Não, senhores, não tem coisa mais difícil! Então, à merda com a mania de grandeza das demais profissões! Por que só eles podem? Por acaso há médicos que antes não foram alfabetizados, engenheiros que não aprenderam o abecedário, advogados que não dependeram da mão firme da professora lá do fundamental? Mesmo as bundas e tórax falantes da TV e adjacências não tiveram que aprender a escrever o próprio nome?
Não, não sou besta o suficiente para achar que todos agem assim, que não há prostitutos do ensino. Claro que eles existem, assim como há os prostitutos da medicina, da engenharia, do jornalismo, da psicologia entre outros. Com esses me preocupo somente quando nos medem por eles! Felizmente, ainda há os que sabem ver, que aprenderam que nem toda “verdade” é “verdadeira”! Também é evidente que há dias em que preferimos ficar na cama, assistir à novela da Carminha, passear com o cachorro, amar o namorado-amante-marido, fazer comida, ir ao cinema, a estudar a poética de Aristóteles, a preparar PowerPoint, a corrigir redações e provas. Não é assim com todos?
Enfim, amanhã, saberei agradecer as saudações, as maçãs, os chocolates e o carinho que dão à professora, mas não me esquecerei de que ainda falta muito para que a educação seja, de fato, um assunto levado a sério não só pelo estado, mas pela sociedade. Nunca deixarei de dizer que educação não é luxo, é item de primeira necessidade!
Ao fim e ao cabo, aqui vai meu abraço apertado à Dona Wilma e à Dona Teresinha que me ensinaram as primeiras letras, os primeiros números, que puseram a letra “H” na minha história de vida! Curvo-me, tiro o chapéu e agradeço!
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