Quando eu era pequeno, volta e meia, ouvia falar sobre o Luciano e sobre sua posição política. Luciano era comunista, algo muito mal visto na época, e, com o tempo, após o golpe de 1964, isso foi piorando dia após dia. Nessa época eu via o Luciano em duas ocasiões; nas festas que aconteciam na casa do meu bisavô e avô do Luciano, Paschoal Baldassare, e na casa da tia Adelina, mãe do Luciano.
Minha mãe, que era uma pessoa muito apegada à família, adorava o Luciano e sempre que alguém fazia qualquer crítica a ele, ela o defendia com tanta segurança, que mesmo conhecendo-o só de vista, sempre gostei e admirei o Luciano Lepera.
Nos anos 1970, quanto trabalhei no jornal Diário da Manhã, tive o prazer de conhecer o Luciano como ser humano e pensador. Neste período Luciano era um vendedor de Barsa (famosa enciclopédia que era moda as boas famílias terem nas suas prateleiras) porque não podia trabalhar na sua profissão de jornalista e nem exercer qualquer cargo público por ter sido um dos primeiros políticos a ter seus direitos cassados pela ditadura militar. Quase todos os dias, Luciano passava no jornal para tomar um café, bater papo com os amigos e matar a saudade do cheiro de tinta das oficinas, como me confessou uma noite.
Depois disso, fui conhecendo facetas do Luciano por intermédio de políticos, jornalistas, empresários, quitandeiros, jornaleiros e todos os tipos de pessoas, com quem fui cruzando ao longo desses anos. Todos, sem nenhuma exceção, diziam a mesma coisa: “Luciano foi a pessoa mais íntegra, verdadeira e generosa que conheci”.
Por tudo isso, rendo aqui as minhas homenagens a esse homem raro.
Bravo Lau! Morreu Lepera, fica a semente.
ResponderExcluirAdorei, Lau! Mais que nunca, vale o seu escrito e as estrelas do sonho e da utopia de Luciano Lepera. Beijos da Rosana
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