sexta-feira, 31 de julho de 2009

A Comunicação mudou. Que Bom!

Gente, vejam que maravilha este texto! Encontrei no blog Balaio do Kotscho, que já recomendei aqui. "Mundo bão, sô!" é uma crônica do Simei de Almeida, uma figura especial que já morou em Ribeirão Preto. Há 25 anos ele mora na região amazônica, no Acre, onde exerce a atividade de micro empresário e micro pecuarista, além do ofício de escritor amador pelo prazer de escrever.
Mundo bão, sô!
Existem dois mundos: o mundo de quem gosta de agitação, corre-corre, buzinações, gás carbônico, diferente do mundo dos “oi sô”. Nada sou contra quem gosta de ficar em cima de um viaduto vendo a sintonia dos carros se movimentando, frenagem por igual, uma fila vai e outra vem. Chega ser contagiante ver a habilidade dos condutores dos veículos e motociclistas fazerem suas obrigações na condução de suas respectivas máquinas, às vezes até inconscientes do que estão fazendo, conduzindo seus carros por vias super movimentadas pela praticidade do dia-a-dia. Já fazem a condução pelo seu subconsciente pelo hábito de quem faz aquilo todos os dias.
Grandes metrópoles, progresso, grandes executivos, oferta de consumo e vítimas do consumo. Alberto vai trabalhar, sai de casa as 04:00 horas da manhã para pegar o ônibus e depois o metrô. É possível que chegue ao trabalho lá pelas 07:00h. Antes de sair ele vai à cama de sua Aninha, sua filhinha, e lhe dá cheiro, ela ainda dormindo.
Alberto, devido seu computador ainda ser um Pentium ele trocou por um Dual Core, mais uma promoção de uma TV de LCD de 32 polegadas nas Casas Bahia, tem que fazer umas horas extras para ajudar no pagamento das prestações do Dual Core e da TV LCD. Depois da hora extra, mais metrô, mais ônibus. Alberto chega em casa lá pelas 22:00h. Sua filhinha já está dormindo. Nesse corre-corre, talvez Alberto a verá acordada para lhe dar um abraço e um cheiro somente no final de semana.
E assim é a mesma coisa para João, Dna. Marta, Dna. Francielli e tantos Antónios. Pô, mais tem uma coisa boa nisso tudo! Num domingão Alberto pode ficar em frente da TV LCD de 32” para assistir estes programas de palco que rolam nas telinhas. Uma pessoa que vem de fora, não adianta pedir informação pro Alberto no meio da rua. Ele tem muita pressa para chegar no trabalho ou fazer uns afazeres fora dele. Se pedir informação, talvez a receberá. Mas começa a ouví-la numa esquina e acaba de ouví-la na outra esquina, não dá para dar informação parado!
Vou à casa do Alberto e pergunto:
_ Você sabe onde mora o Sr. Custódio?
– Sei não, seu moço, vai aí no vizinho e pergunta!
Vou na casa do vizinho e pergunto:
_ Você sabe onde mora o Custódio?
– Custódio do quê?
– Custódio de Mato Arruda!
– Sou eu mesmo moço…. O Alberto não conhece o vizinho.
Nas cidadezinhas, lá nos Rincão do Brasil, a coisa é bem diferente. Sai-se na rua para resolver determinado assunto que você faria em trinta minutos, e você acaba gastando três horas para resolvê-lo. Não há contentamento em apenas dizer: boa tarde “Seu Jão”, como tem passado? Não, o problema é perguntar como tem passado. Porque o Seu Jão vai lhe dizer como está passando, ali vai um tempão. Mais na frente, oi Dona Crotilde, mais na frente, Dona Esmeralda……quanto tempo…..como está Seu Firmino? Vai ali mais um bom tempo.
Sair pela rua principal da cidade é outro problema. De taberna em taberna, o proprietário lhe chama….Vem tomá um cafezinho moço! De comércio em comércio, você daqui apouco está esturricado de tomar cafezinho. Cafezinho você não nega, é falta de educação. Vizinho você não só o conhece, você sabe literalmente da vida dele. Se o seu vizinho do outra lado da cidade der “uma puladinha de cerca” você saberá, com certeza saberá. Soltar gases é outro problema, tem que ser o mais discreto possível, se não a cidade ouve.
Político em cidade pequena tem que ser muito “cara-de-pau” ou ser muito transparente, pois o contato com o famigerado eleitor é comum nas ruas. O cabra não tem por onde escapar ou ficar no anonimato, o corpo a corpo é diário, e não é só em épocas de eleição.
Que bom, que bom, você na área rural poder pisar literalmente na bosta da vaca, sentir o cheiro da terra molhada, ouvir o gorjear dos pássaros e ouvir os gritos dos vaqueiros, ver carros fazerem malabarismo em estradas de barro. Dá diversidade, se vê algo contagiante. Bicho de pé também é bom. Bicho de pé não é chato, Bicho de pé dá no pé. “Chato dá noutro canto”, esse é chato pra dedéu.
Cidade pequena tem lá seus problemas, vizinho chato é um caso sério. Sei de uma história de um cabra que processou seu vizinho porque o galo dele cantava muito cedo e o acordava. Como ninguém processa galo, processou o dono do galo. Ainda bem que existem grandes metrópoles, lá tudo se produz. O que seria se não tivesse quem não gostasse de buzinações, ônibus e metrô lotados, congestionamento, fábrica contratando para turno diurno e noturno. Se não existissem os Albertos, o que seria dos Jãos? O que seria de nóis, se não existissem vocês!
Voce vai saber mais sobre o Simei no seu Blog:
http://www.somosdaselva.blogspot.com/

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