domingo, 23 de agosto de 2009

A Máquina Fotográfica


Essa aconteceu no final de 1969.
Meu pai sempre gostou muito de fotografia e tinha sempre uma ou duas máquinas de ultima geração. Nessa época, ele tinha uma Minolta SRT 112, com objetivas, que começou a me emprestar em situações especiais. Lembro que a primeira vez foi para uma viagem que fiz com a turma do segundo ano de Ginásio Otoniel Motta para a cidade de Dumont, com o objetivo de participar da inauguração do Museu Santos Dumont.
Aos poucos, fui me sentindo um sócio daquela máquina. Mas tinha consciência de que era uma máquina para adultos. Naquela época, as máquinas fotográficas não eram tão difundidas e as grandes máquinas eram para os profissionais ou aficionados como meu pai.
Bom, mas conto tudo isso para chegar ao fato que quero contar. Um dia, meu pai me avisa que vai dar a máquina para minha tia, irmã dele, que o tinha ajudado em alguma situação e ele estava agradecendo. Isso era a cara dele, sempre que ficava agradecido por alguma coisa ele presenteava a pessoa. Naquele dia fiquei louco. Esbravejei, esperneei, berrei. A máquina já era minha, como dar para a minha tia que nem fotografia sabia tirar? Fiquei alucinado, senti-me desprezado, humilhado, enfim, arrasado.
Aí, o seu Gilberto, com a máquina na mão, me disse:
– Meu filho, esta máquina é só uma máquina. Amanhã, com certeza, vão lançar um modelo mais moderno e melhor. Por isso, não sofra por esse motivo.
E, assim, como sempre acontecia, aquilo calou fundo no meu ser e me serve como orientação até hoje.

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