domingo, 7 de novembro de 2010

Amigos

Amigo é tudo de bom.
Por isso, desde muito pequenos fazemos amigos. Ninguém precisa te ensinar, você vai a uma festa de aniversário e conhece o filho da prima da sua mãe e fica amigo. É algo quase instantâneo, você olha e gosta da pessoa. Aí começam a brincar, conversam alguma coisa e ficam bons amigos.
Conforme vamos crescendo as amizades vão ficando mais importante, até que chega a adolescência e aí, as amizades ficam mais que importantes e se tornam sérias. Gostamos de estar com nossos amigos porque eles sempre nos compreendem, mesmo quando estamos errados, amigo que é amigo, tá sempre do nosso lado.
Eu sempre gostei de fazer amizades e, de alguma forma, sempre cuidei dos meus amigos.
Ao longo de 55 anos, fiz bons amigos e de todos os tipos.
Hoje quero falar de um amigo especial. Nós ficamos amigos no começo da adolescência e somos amigos até hoje. Não nos vemos mais com freqüência, mas sempre que nos encontramos é muito bom.
Talvez esse seja o amigo mais diferente que fiz em todos esses anos. Álvaro é um artista, mas não um artista comum, desses que pintam quadros e gostam de filosofar. Ele é um artesão, faz ou já fez um pouco de tudo que você pode imaginar.
Um bom exemplo é o arco e flecha para as brincadeiras na rua de quando estávamos no início da adolescência. As que ele fazia e trazia para brincar eram tão boas ou melhores que as dos índios de verdade.
Depois, começaram as experiências com química, eletricidade, ele sempre fazia algo que a gente só via no cinema.
Bom, todo esse intróito é para contar uma história que vive com ele e o irmão dele, que além de muito engraçada e divertida, foi uma sacada de gênio.
Um dia, não lembro exatamente quando, mas deve ter sido lá pelos anos 1970, sou convidado por este amigo e pelo irmão para uma experiência secreta. Eu, antes de topar, queria saber o que era, e eles diziam que só contariam se eu garantisse que não contaria para ninguém. Jura feita, eles me contaram que íamos ao Rio Pardo para testar uma invenção do Álvaro que iria revolucionar o mundo.
E assim, pegamos o carro, colocamos todos os apetrechos necessários para testar a nova invenção e rumamos para o Clube de Regatas, que fica nas margens do Rio Pardo.
A minha função na experiência era só ajudar nas pequenas coisas e testemunhar aquela maravilha que estava nascendo.
Álvaro, que adorava o mar e fazia surf, havia resolvido que iria surfar no rio Pardo e para isso ser possível, ele resolveu colocar um motor na base de uma prancha de surf que seria guiada por um cabresto que ele anexou na frente da prancha. De maneira tosca, Álvaro estava lançando as bases para o futuro Jet-ski.
Mas, apesar de a idéia ser muito boa, tinha um problema muito sério. O motor que foi colocado na base da prancha, só poderia funcionar se estivesse ligado a alguma energia. E a solução que o Álvaro encontrou foi colocar uma mochila nas costas com as baterias necessárias para o motor funcionar e ter força para mover aquele cavalo.
Um detalhe bem interessante é que as pranchas de surf daquela época, não eram como as atuais, elas eram enormes, não lembro a medida, mas deviam ter mais de 3 metros. Então, a combinação de prancha muito grande com motor, o Álvaro e as baterias, foi quase fatal. A sorte é que o seu irmão, já prevendo o acidente, ficou ao lado e quando ele afundou com o motor ligado e as baterias nas costas, ajudou imediatamente, não permitindo que ele se afogasse.
Depois de recolher tudo, voltamos para casa rindo muito, e o Álvaro já compenetrado, fazia cálculos das mudanças necessárias para melhorar a invenção.
(O nome foi alterado, afinal, gênio é gênio e não gosta de aparecer)
Texto de  Lau Baptista

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