terça-feira, 26 de maio de 2009

Saudade daquele lindo descampado

Quando mudamos para os altos da cidade e para a sonhada casa própria em 1963, lá pelos lados da Arthur Bernardes, quase nada existia naquele pedaço da cidade.
Uma ou outra residência não nos tirava a vista daquele lindo descampado. Como se fossem milhares de campos de futebol onde nossos pés de moleque iniciaram o prazeroso convívio com a bola.
Ao sul, dezenas de chácaras e pequenas fazendas, onde hoje os condomínios fechados isolam milhares de pessoas, nos ofereciam a possibilidade de desbravar ambientes rurais em longas caminhadas até Bonfim Paulista. Um espaço em um tempo que como diria Sivuca,
“dos pardais,
de verdes nos quintais,
sem os ladrões atrás,
quando ainda havia fadas.
Onde os jovens davam lugar
para quem chegar sentar
e dos lampiões a gás.
Porém, veio um Marquês
de uma terra já perdida
e de uma vez
se fez dono da vida.
Mandou buscar cem dúzias
de avenidas
e expulsou de vez
as margaridas.
Por não ter filhos
ou talvez por não gostar
ou apenas
por manias de mandar”.
Esta região muito se modificou nestes quase cinqüenta anos, mas a lembrança daqueles tempos em que éramos puros e felizes por inteiro se mantém como uma relíquia luminosa que ainda nos guia.
As crianças de hoje já não podem usufruir da mesma natureza o que é uma pena, pois certamente seriam mais humanas e saudáveis.
É o preço que pagamos pelo que chamamos de progresso e desenvolvimento. Infelizmente.
Texto de Dr. Sócrates Brasileiro publicado no Guia Sul de Ribeirão - Edição Dez 2007

Um comentário:

  1. Gostei da perspectiva e ainda tenho a ilusao que proporcionar um descampado para as criancas de hoje...pode ser uma possibilidade visando mais saude e mais humanidade! Quem sabe?

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